Opinião

Paulo Afonso (BA) - 26/09/2010

A ilusão da Política

* O autor é empresário e administrador

                                                                                                                                        Dr. Pimenta

 Certa inconsistência ideológica e falsidade comportamental tem sido vista, no Brasil, como habilidade. Assim, o despistamento, a leviandade, a aparência que esconde a realidade e o descompromisso com algum ideário acabam sendo vistos como virtudes.

Proclamando seu amor à democracia e o desejo de servi-la, políticos abrigados sob as mais diversas legendas vão enganando o povo e construindo carreira que, ao fim e ao cabo, só pode ser medida pelo montante da conta bancária. O serviço à população, a boa gestão dos recursos públicos, a dedicação a uma causa duradoura e a fidelidade a princípios éticos são, simplesmente, desprezados.

Não se trata de comportamento sequer excepcional, tantos os que o praticam, tanta tolerância encontram no seio da sociedade. Há como certa anestesia a permitir que o fenômeno reproduza-se, dificultando a transição para hábitos mais sadios e afastando a política nacional de padrões verdadeiramente republicanos e democráticos.

A infidelidade partidária, cuja superação parece fácil no discurso, esbarra na conduta da maioria dos políticos. É que ela repousa, sobretudo, no culto à infidelidade generalizada. Porque manter-se fiel importa escolher princípios e idéias e fazer deles a bússola orientadora do comportamento individual. Os que, por desatenção ou opção, destoam dessa conduta deletéria logo são acoimados de inábeis, sendo os eleitores os mais desavisados e desinformados do que essa infidelidade representa contra ou ao seu favor.

Não é preciso ir muito longe, para encontrar numerosos exemplos do ilusionismo que anima boa parte dos políticos. Eles não são privilégio desta ou daquela região, deste ou de outro estado. Na verdade, espalham-se por todo o País, ignorando local e sigla partidária. Certas ocorrências, contudo, chamam à atenção, pelas circunstâncias que as destacam, principalmente, em pequenos redutos como a nossa querida Paulo Afonso.

Aliados de ontem ora fingem distância entre si, ora não conseguem esconder o jogo de sedução para voltarem às boas. Ocorrendo nas várias facções concorrentes, confundem o eleitor e o obrigam a exercícios de raciocínio exigível apenas de adivinhos.

Veja-se, por exemplo, a curiosa situação política baiana. Difícil - se não impossível - definir em que campo se colocam os ex-prefeitos de cidades do interior, o governador e outras lideranças, com as vistas postas nessas eleições.

Por mais informado que esteja o observador, por mais arguto que seja, jamais conseguirá armar equação minimamente confiável. Menos por sua incapacidade analítica que pelo surpreendente contorcionismo dos protagonistas da cena.

Em grande medida, esses acreditam na possibilidade de manter a ilusão que se esforçam por construir, bastando para tanto contar com o beneplácito de todos os meios, principalmente de sites tendenciosos e a ajuda de comunicadores sem profissionalismo e atitudes e virtudes ocultas.

Valem-se, portanto, dos malignos dons dos que vivem à margem de qualquer princípio ético, deles recebendo favores, regiamente recompensados. Para que não sejam diferentes, uns e outros acabam associados no triste circo que pensa fazer-nos todos de palhaços.


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