A prisão da doutora Virgínia Soares, que chefiava uma UTI num grande hospital, desnuda o mundo trágico e dantesco das UTIs brasileiras, onde vidas são sorteadas a critério de médicos e administradores. A repercussão da tragédia abre uma discussão sobre a eficácia médica dessas unidades de saúde. A UTI sempre foi uma caixa preta que todos temem. Até hoje ainda é discutível sua eficácia médica, quando se imagina que o doente está isolado do seu mundo, dos seus seres queridos e da realidade que o cerca e fica totalmente a mercê de uma equipe de médicos e enfermeiros, entre os quais pode estar uma doutora Virgínia, com toda sua sede de sangue e dinheiro. Paciente de UTI não tem direito a reclamar, aliás, ele nem tem a quem reclamar, normalmente entubado, em coma normal ou induzido, completamente apagado.
Como confiar a vida sua e dos entes queridos a esse tipo de gente? Não existem muitas saídas, pois os casos graves são levados imediatamente à UTI, isso quando o paciente tem a sorte de encontrar um leito disponível. Uma vez na UTI, você fica fora do mundo e seus parentes apenas informados de seu estado ou capazes de rápidas visitas. Deveria haver mais amor e dedicação de quem faz esse tipo de trabalho. É uma vida humana presa apenas por alguns fios, fios esses que pessoas de baixa índole, como a doutora Virgínia, podem cortar.
É ai, ainda queremos a UTI para Paulo Afonso?