A seleção brasileira conheceu nesta quinta-feira (5), um outro obstáculo boliviano além da altitude de La Paz. O goleiro Carlos Lampe foi mais poderoso do que os 3,6 mil metros da cidade ao segurar o ataque brasileiro, principalmente Neymar, e garantir o empate em 0 a 0 no estádio Hernando Siles pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
Foram seis confrontos diretos entre Lampe e Neymar, todos com supremacia do boliviano. Festejado pela torcida, o goleiro fez pelo menos dez defesas importantes. Se a altitude foi minimizada com a logística da seleção de viajar para La Paz horas antes do jogo e pareceu não incomodar, faltou capricho nas finalizações para voltar da cidade com uma vitória pela primeira vez em 20 anos.
O segundo empate seguido do Brasil nas Eliminatórias não atrapalha em nada a condição tranquila na tabela. A única frustração é ver escapar a chance de obter a melhor campanha da história da competição, obtida pela Argentina para o Mundial de 2002. A seleção precisava vencer os dois últimos confrontos para quebrar a marca.
O temor com a altitude modificou o estilo de jogar do Brasil. O futebol de toques rápidos no ataque deu lugar à tranquilidade para tocar a bola e deixar o jogo mais lento. A equipe nitidamente queria poupar oxigênio, não se desgastar com o gramado seco e irregular. A postura foi mantida nos 20 minutos iniciais, até a equipe se sentir mais confiante e com espaços para atacar a Bolívia.
Quando o Brasil se soltou, as chances vieram, a partir dos 23 minutos, momento da primeira finalização com Neymar. O chute iniciou o show de defesas do goleiro Lampe. Aplaudido pela torcida, o boliviano ainda defenderia duas finalizações. Uma frente a frente com o próprio Neymar e outra de Gabriel Jesus. O desperdício de chances brasileiras chegaria ao cúmulo no fim do primeiro tempo. Neymar passou pelo goleiro e chutou duas vezes. Em ambas o zagueiro Valverde tirou de cima da linha.
A Bolívia respondeu no fim do primeiro tempo. Bejarano chutou de fora da área e acertou o travessão. O susto foi um recado prévio para o temido segundo tempo. O Brasil estaria mais cansado, mesmo após a sessão de oxigênio no vestiário. Ainda assim, continuou no comando da partida, com mais posse de bola e ataques perigosos. No primeiro chute a gol do segundo tempo, só para variar, Lampe defendeu tentativa de Paulinho.
Tranquilo em campo e sem sentir pressão, o Brasil administrou o ritmo de jogo no segundo tempo sem ser ameaçado na defesa. A Bolívia era fraca demais para levar perigo e se perdia sozinha nos lances ofensivos. Nem mesmo o estádio lotado chegou a exercer tamanha pressão, pois muitos torcedores estavam mais ansiosos para aplaudir Neymar do que contar com alguma vitória. Mas palmas de verdade, só para Lampe, autor de novas defesas no segundo tempo.
Os testes promovidos por Tite na escalação tiveram poucas oportunidades para mostrar serviço. Thiago Silva se machucou e saiu ainda no primeiro tempo e o lateral Alex Sandro pouco apareceu no ataque.