Nas últimas semanas, a indignação de produtores, fornecedores e organizadores de eventos de Paulo Afonso tem ganhado força — e com razão. Uma decisão administrativa tomada logo no início da atual gestão da Prefeitura comprometeu não apenas a saúde econômica de dezenas de empresas locais, como também lançou dúvidas sobre a capacidade técnica e profissional do setor de eventos da cidade.
Estamos falando da opção pelo instrumento da Adesão de Ata — mecanismo legal, mas que, neste contexto, foi utilizado de maneira questionável. Em vez de promover uma licitação ampla e competitiva que envolvesse empresas locais, a Prefeitura optou por aderir a uma ata de registro de preços de outro município ou estado. Com isso, as empresas de Paulo Afonso foram simplesmente impedidas de participar da concorrência por contratos públicos, por um período que pode chegar a 12 meses.
A justificativa oficial para esse tipo de medida costuma ser a "agilidade" na contratação. No entanto, essa rapidez tem um custo alto — e quem paga é a cidade. De acordo com informações apuradas junto ao setor, mais de R$ 5 milhões já foram direcionados a empresas de fora, enquanto empreendedores locais, com histórico de trabalho comprovado, ficaram à margem.
O impacto é direto: menos empregos, menos renda, menos circulação de capital no comércio local. E, talvez o mais grave, uma sensação de desprezo institucionalizada contra quem investe há anos em Paulo Afonso, enfrentando burocracias, tributos e todas as dificuldades naturais de empreender no interior do país.
O que essa decisão transmite é simbólico e ofensivo: que não há, em Paulo Afonso, capacidade técnica para organizar eventos. Ora, sabemos que isso não é verdade. A cidade conta com empresas estruturadas, fornecedores sérios e profissionais capacitados para realizar eventos dos mais diversos portes, com competência e criatividade.
Além disso, é preciso destacar que a prática de adesão de ata, embora prevista em lei, deve ser excepcional. Quando se transforma em política recorrente, ela passa a desrespeitar os princípios constitucionais da isonomia, da transparência e da valorização da economia local — valores que devem nortear qualquer gestão pública responsável.
Aos gestores públicos, deixamos um alerta e um apelo: rever essa postura é não apenas um gesto de bom senso, mas também um compromisso com o desenvolvimento sustentável de Paulo Afonso. Valorizar as empresas da cidade é investir na própria cidade.
A exclusão de nossos empreendedores não é apenas uma decisão administrativa. É uma escolha política. E uma escolha ruim.