Política

Paulo Afonso - 27/07/2010

Cientista político avalia disputa para o Senado-BA:

Da redação com informação de Evandro Matos

O cientista político e professor da Ufba, Paulo Fábio Dantas avaliou o quadro da disputa para o Senado na Bahia. Dantas respondeu a questionamentos do jornalista Evandro Matos baseados no resultado da pesquisa Datafolha divulgado nesta segunda-feira (26).

Entre outros fatos, ele lembrou da tradição histórica da disputa, que sempre deu a vitória aos candidatos da mesma chapa do governador, avaliou que César Borges pode "ficar solteiro" e que Zé Ronaldo e Aleluia podem crescer.

O resultado

O resultado da pesquisa, divulgado pelo Instituto Datafolha nesta segunda-feira (26), coloca o senador César Borges (PR) na liderança com 34% das intenções de voto. Na segunda colocação aparece a deputada federal Lídice da Mata (PSB), com 26% e, praticamente empatado com ela, o também deputado Walter Pinheiro (PT), com 20%.

Outros

Mais abaixo aparecem Edvaldo Brito (PTB) e José Ronaldo (DEM) com 7% cada, e Aleluia (DEM) com 6%. Depois vêm Edson Duarte (PV) e Sampaio (PCB) com 3% cada, Zilmar (PSOL) com 2%, e França (PSOL) e Albione (PSTU) com 1% cada. Branco/nulo 30% e indecisos são 60%. A pesquisa foi feita de 20 e 23 de julho. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Cientista lembra a tradição

Ao avaliar os números da pesquisa Datafolha, o professor e cientista político da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo Fábio Dantas, trouxe elementos que merecem ser observados cuidadosamente pelo leitor. Primeiro, ele considerou "normal" a segunda colocação da deputada Lídice da Mata, apesar de a pesquisa ter sido concentrada em Salvador e Região Metropolitana.

Tradição

Mas, o mais interessante foi a análise geral sobre a disputa pelas duas vagas do Senado nesta eleição feita por ele. "Eleição para o Senado (na Bahia), desde 1962, quando se voltou a eleger governadores, nunca houve casos de alguém se eleger Senador em chapa diferente da do governador", lembrou Fábio.

Tese contraria eleição de Borges

Considerando que a frente da pesquisa hoje é ocupada pelo senador César Borges, teoricamente, como base nesta tese, ele não se reelegeria, já que não pertence à chapa do governador Jaques Wagner, que está na frente da disputa para o governo baiano no momento. "Mesmo quando há duas vagas em disputa, não existe exemplo de alguém se eleger para senador na chapa diferente da do governador. Neste caso, existe uma estrada para Lídice e Pinheiro, em caso de Jaques Wagner continuar com o patamar que tem hoje", explicou Dantas.

Eleição atípica

Contudo, o cientista político fez ressalvas sobre as eleições deste ano, que para ele trazem peculiaridades que devem ser observadas. "Estamos falando de eleições bipolares. Este ano, há uma coisa atípica. É uma eleição com três candidatos com chances de se eleger. Por isso, existe a possibilidade da eleição de candidatos de chapas diferentes", alertou.

Crescimento de Ronaldo e Aleluia

Paulo Fábio comentou ainda sobre os candidatos que estão mais atrás na pesquisa Datafolha, lembrando que é muito cedo para projeções. "A pesquisa é muito inicial. Não houve tempo de os candidatos do DEM se consolidarem ainda. Não creio que eles vão ficar onde estão", ponderou Fábio.

Borges pode "ficar solteiro"

O cientista chamou a atenção ainda sobre o favoritismo obtido até agora pela candidatura do senador César Borges, que concorre ao Senado na chapa do candidato ao governo Geddel Vieira Lima (PMDB). "Para César Borges se manter onde está ele precisa que Geddel chegue pelo menos ao patamar que Paulo Souto tem hoje", avaliou Paulo Fábio. "Se a campanha do PT e do DEM forem vitoriosas, há uma tendência de César Borges ficar solteiro. Aí, a saída dele é se houver adultério", acrescentou. 

Movimento das elites

Paulo Fábio ainda faz outra observação, também relacionada à disputa do Senado na Bahia, mais precisamente à capacidade de atração do eleitor. "A realidade mostra que são os partidos e os candidatos que se fazem votar. Os movimentos que as elites políticas fazem tem um poder enorme de influenciar o voto do eleitor" observou.


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