Esporte

Paulo Afonso - Bahia - 30/03/2016

Brasil joga mal, mas arranca empate com o Paraguai em Assunção .

Por Carlos Eduardo Mansur
Jorge Saenz / AP
Daniel Alves, ao centro, comemora com Filipe Luis, Jonas e Lucas Lima o gol de empate do Brasil dian
Daniel Alves, ao centro, comemora com Filipe Luis, Jonas e Lucas Lima o gol de empate do Brasil dian

Foi um empate entre a dificuldade coletiva do Brasil e a capacidade do jogador brasileiro. Claro que coube a Dunga encher o time de jogadores mais técnicos no segundo tempo. Mas durante quase três quartos do jogo a seleção mostrou sua dificuldade para jogar em equipe, construir jogadas quando saía da defesa. No fim, lançada ao ataque, foi na base da técnica contra um Paraguai que não saía mais de sua área que chegou ao improvável 2 a 2. Nas circunstâncias do jogo, um alívio para quem perdia por 2 a 0. No mundo real, serão seis meses na sexta colocação até a retomada das eliminatórias, em duríssimo jogo no Equador.

Viu-se um painel do que a escola brasileira atual tem de pior: a dificuldade de elaborar jogadas desde a defesa. Ou seja, de se organizar para atacar quando precisa sair jogando de sua linha defensiva. É um custo a tal transição para o ataque. Gera-se perigo quando a bola é recuperada já a meio caminho do gol rival, quando é possível jogar em velocidade.

O problema não passa por qualidade dos jogadores disponíveis para formar uma seleção. Passa, em parte, pela característica dos escolhidos para iniciar as jogadas, jogadores sem o passe como característica principal. Progredir no campo através do passe é uma dificuldade. E Luiz Gustavo e Fernandinho foram mal. Mas trata-se também da ideia de futebol, da concepção. Mesmo que o Brasil tivesse um exímio meio-campista iniciando as jogadas, falta aproximação entre os jogadores para sair tocando. As opções de passe eram reduzidas. A consequência era a perda rápida da bola.

É verdade que houve más atuações individuais, como as dos laterais e dos volantes. Mas há muitos casos em que a aparente falha defensiva é resultado da forma de atacar. A perda da bola é a pior inimiga da defesa.

Tornou-se um jogo à feição para o Paraguai, que recuperava a bola e produzia volume de jogo. Pelo alto, Ortiz cabeceou uma bola na trave e Gomez obrigou Alisson a defesa salvadora. Até que, aos 39 minutos, Lezcano aproveitou o segundo erro seguido de Fernandinho numa saída de bola para abir o placar. Ao Brasil, restara, antes do intervalo, a clara demonstração de que, quando fosse capaz de se aproximar para jogar futebol, quando os jogadores se associassem, poderiam criar jogadas. Foi numa triangulação de Fernandinho, Willian e Ricardo Oliveira que este último chutou no travessão.

A seleção pós Copa do Mundo tem imensa dificuldade de lidar com adversidades. O time que saiu do vestiário no intervalo, com Hulk no lugar de Fernandinho, iniciou o segundo tempo com controle ainda menor do jogo. Se a marcação na entrada da área já era deficiente, ficou ainda pior. Roque Santa Cruz conduziu da direita para o meio e, em seguida, Ortigoza lançou Benítez. Falhou claramente Daniel Alves no combate antes da finalização e do segundo gol paraguaio.

Claro que o Brasil assumiria riscos diante de tamanha desvantagem. Primeiro saiu Fernandinho, depois Luiz Gustavo. Renato Augusto virou volante e entraram Hulk e Lucas Lima. Cartadas que permitiram que, mesmo em meio a defeitos de organização, aparecesse o que a seleção tem de melhor: o jogador brasileiro. Em nenhum momento se viu uma exibição de futebol, mas houve alguma troca de passes, controle da bola no ataque. Ainda que, em parte, propiciado pelo deliberado recuo paraguaio. Hulk perdeu bisonhamente uma chance, mas sua atuação era melhor do que este erro. Lucas Lima achou Ricardo Oliveira, que teve boa chance. Até o goleiro dar rebote em chute de Hulk e o centroavante do Santos descontar. Abria-se um horizonte. O Brasil rondava a área. E a qualidade do jogador viria para decidir. Aos 46, Daniel Alves acertou chute preciso: 2 a 2. E como futebol é o território da imprevisibilidade, foi possível lamentar o apito final num momento em que foi possível sonhar com a virada.

PARAGUAI 2 X 2 BRASIL

Local: Defensores del Chaco, em Assunção (PAR)

Data/Hora: 29/3/2016, às 21h50 (de Brasília)

Árbitro: Wilmar Roldan (COL)

Cartões amarelos: Gomez, Samudio (PAR); Miranda (BRA)

Gols: Lezcano, 39'/1ºT (1-0); Benítez, 3'/2ºT (2-0); Ricardo Oliveira, 33'/2ºT (2-1); Daniel Alves, 45'/2ºT (2-2)

PARAGUAI: Villar, Paulo da Silva, Pablo Aguillar, Gustavo Gomez e Samudio; Ortigoza, Ortiz (Santana, 10'/2ºT), Benítez e González; Lezcano (Iturbe, 24'/2ºT) e Benítez (Santa Cruz, 9'/2ºT). Técnico: Ramón Diaz.

BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Miranda, Gil e Filipe Luis; Luiz Gustavo (Lucas Lima, 24'/2ºT), Fernandinho (Hulk, intervalo), Renato Augusto, Willian e Douglas Costa; Ricardo Oliveira (Jonas,34'/2ºt). Técnico: Dunga.




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