Opinião

Paulo Afonso (BA) - 22/11/2010

Pela falta de concorrência, o povo paga. E caro!

Paulo Lima - Jornalista

O descaso no transporte público no País, não é novidade para ninguém. Mas temos de lembrar que as empresas detentoras das concessões que, sempre reclamam, faturam, e muito. É o caso da Real Alagoas que, mesmo com uma pífia concorrência - as vans que fazem algumas de suas rotas, não tem do que reclamar. Até aí tudo bem, mas agredir os clientes com serviços de péssima qualidade já é demais.

Tomo o exemplo das viagens partindo de Paulo Afonso para Maceió e vice e versa. São três horários por dia. Quem desejar fazer a viagem para conferir o que acontece, fique à vontade.

Fui um desses passageiros, mas que quer deixar aqui a indignação, principalmente, no trecho de volta, de Maceió para Paulo Afonso. Comprei a passagem para às 19h, da última sexta-feira. Chegando à rodoviária de Maceió, dirigi-me à plataforma para o embarque, depois de um dia de trabalho e esgotamento físico e mental, nada melhor do que uma viagem em um ônibus confortável, onde poderia reabastecer as energias descansando e esperando chegar ao destino. São 347km que poderiam ser percorridos, na ;pior das hipóteses, em seis horas. Mas chegamos Paulo Afonso, às 2h13 da manhã de sábado.

O tormento

Logo, quando entrei ao coletivo, uma péssima notícia: o motorista simplesmente disse para todos abrirem as janelas, pois o ar-condicionado estava quebrado. Começou o meu desespero. Ainda mais quando a empresa deixa bem claro em suas propagandas que as viagens são ao preço de ônibus, mas com o conforto de classe executiva de avião.

Mas não para por aí. Soube, no guichê da empresa, que a rota seria feita com paradas em algumas cidades, como Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia. O que aconteceu foi bem diferente disso. Apenas em Maceió, levamos 53 minutos para sairmos da cidade. O ônibus parava a cada instante e captava mais passageiros, e o que é pior, ao ponto de ter 11 passageiros em pé, num veículo que faz rota interestadual, o que acredito não ser permitido.

A situação agravou-se quando saímos de Maceió, pois as paradas não cessaram ao longo da rodovia e, cada vez mais, subiam passageiros. Como pode, já que a lotação estava acima do permitido?

Enfim, para encurtar a história, houve momentos em que cerca de 25 passageiros viajavam em pé, sem contar quatro pessoas que viajaram na cabine do motorista, o qual, numa conversa descontraída com essas pessoas, estava colocando em risco a vida de todos. Ou vocês não lembram aquela célebre frase: "fale ao motorista somente o indispensável", pois isso pode tirar a atenção dele.

O meu descontentamento ficou ainda maior quando precisei usar o banheiro. Com tanta gente no corredor do veículo e com as luzes apagadas, pensem!

Quero com esse desabafo fazer duras críticas aos donos da empresa, à Agência de Regulação dos Serviços de Alagoas e alertar você, passageiro, de que temos de fazer alguma coisa.

Desrespeitar o cliente dessa forma é uma declaração clara de que esses empresários e as autoridades que deveriam fiscalizar os serviços não estão nem aí para aqueles que, por falta de opção, ficam sujeitos a esses transtornos. A mim cabe reclamar e clamar por uma abertura nas concessões do transporte em nosso país para, quem sabe, alguma empresa, inclusive estrangeira, possa nos mostrar o que é respeitar o cliente e usuário.


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